Países adotam cuidado extra para conter o ebola

 Autoridades de saúde pública de Charlotte, no Estado americano de Carolina do Norte, estão agindo com o máximo rigor em relação a três missionários que voltaram da Libéria para os Estados Unidos no início da semana. Todos tiveram contato com pacientes atingidos pelo vírus ebola. Embora estejam saudáveis, foram postos de quarentena numa área onde funciona a organização religiosa em que trabalham.

Colocar de quarentena pessoas que foram expostas ao ebola, mas não têm sintomas, é um procedimento incomum. Mas o empregador dos missionários e o departamento de saúde pública da cidade dizem que querem tomar o máximo de precaução. “A situação tem sido administrada de uma forma m uito conservadora neste caso, porque queremos ser cautelosos até demais“, disse Stephen Keener, diretor médico do departamento de saúde do condado de Mecklenburg, que deu a ordem da quarentena para os três.

A medida foi tomada “para que o público possa ter confiança na maneira como estamos lidando com isso“, diz Bruce Johnson, presidente da SIM USA, a organização em que os missionários trabalham. Os três - dois médicos e o marido de uma americana infectada que estava entre os americanos evacuados para os EUA há alguns dias - foram postos de quarentena por 21 dias a partir da sua mais recente exposição, o período máxim o de incubação da doença.

Eles estão alojados em trailers numa área de 90 hectares, juntamente com outros missionário s e crianças que também estavam na Libéria, mas não foram expostos ao ebola, disse. “Há muito espaço para as pessoas saírem para caminhar. Há muitas atividades de que estão desfrutando juntos.“

Autoridades de saúde e médicos de todo o mundo estão tomando medidas extremas para evitar que o maior surto mundial de ebola se espalhe para além da África Ocidental e venha parar nas suas fronteiras. Alguns vão além das medidas recomendadas pelos órgãos de saúde pública, como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA. Outros estão tomando precauções usadas para doenças que são altamente contagiosas por se propagarem pelo ar, enquanto que o ebola é transmitido só por meio de contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada.

Mas eles dizem que a alta mortalidade do Ebola, que matou 54% dos infectados no surto atual e até 90% das vítimas em outros surtos, e as preocupações do público justificam as precauções extras. Relatos de possíveis casos, de Nova York a Hong Kong, alarmaram o público, mas o temor diminuiu um pouco depois que todas eles tiveram resultado negativo nos testes.

“O ebola tem uma taxa de mortalidade mais alta nos infectados e é muito importante que toda exposição seja impedida“, diz David Kuhar, médico que lidera a equipe de controle de infecções que comanda a reação ao ebola no CDC.

Várias companhias aéreas suspenderam os seus voos para Guiné, Serra Leoa e Libéria, onde se concentra o surto, ou estão considerando a possibilidade de adotar a s uspensão. A Nigéria e a Costa do Marfim restringiram os voos vindos desses países. Zâmbia proibiu a entrada de cidadãos dos quatro países da África Ocidental mais afetados, incluindo a Nigéria.

As diretrizes atuais do CDC pedem que as pessoas que estiveram em alto risco de exposição ao ebola, mas não têm sintomas da doença, chequem sua temperatura duas vezes ao dia, evitem viagens longas, consultem autoridades de saúde pública sobre viagens locais e sintomas e fiquem perto de um hospital que possa tratar o ebola caso apareçam sintomas.

A unidade de isolamento especial do Emory University Hospital, em Atlanta, onde dois americanos infectados estão sendo tratados, foi projetada para pacientes com doenças mais contagiosas que o ebola, como a sars (síndrome respiratória aguda grave, ou pneumonia asiática). Embora tecnicamente eles possam ser tratados em qualquer hospital capaz de isolar um paciente num quarto, o Emory tem profissionais especialmente treinados em procedimentos de controle de infecções e uma ambulância equipada para o transporte de pacientes infectados.

Em vista da grande publicidade em torno dos casos e da alta taxa de mortalidade do ebola, isso “é reconfortante e inspira alguma confiança“, diz Alex Isakov, especialista em emergências médicas do Emory, que foi responsável pelo transporte dos dois pacientes de uma base aérea para o hospital.

Em Nova York, o pessoal de saúde do hospital Mount Sinai usou máscaras e protetores cobrindo a cabeça, além dos equipamentos padrão recomendados pelo CDC, quando trataram um homem na semana passada, suspeito de ter Ebola, mas que foi liberado após o teste negativo para a doença.

As recomendações básicas do CDC para as equipes dos hospitais incluem o uso de luvas, roupas, máscaras e equipamento de proteção para os olhos.

Fonte: Valor Econômico
Autor: Betsy McKay