Medicamento elimina espasmos em doentes com paralisia cerebral

 Cerca de 20 mil doentes em Portugal sofrem de paralisia cerebral, uma doença que provoca gr andes limitações físicas, desde dificuldades em andar até aos casos mais graves, em que o doente fica numa situação de total dependência de terceiros. A paralisia cerebral provoca espasmos nos doentes, movimentos involuntários que em algumas situações são tão fortes que os obrigam mesmo a estarem amarrados na cadeira de rodas para não saltarem. Um medicamento, baclofeno, administrado através de uma bomba colocada por baixo da pele da barriga , elimina os espasmos, ajuda à marcha e permite aos doentes menos graves fazerem uma vida normal. No Hospital de São José, em Lisboa, alguns doentes de paralisia cerebral recebem esse tratamento, avança o Correio da Manhã.


O medicamento baclofeno é difundido por uma bomba através de um cateter, não visível, que entra junto à espinal-medula e vai fornecer o medic amento de forma constante.

O repreenchimento da bomba com o remédio é feito em períodos que variam consoante as necessidades terapêuticas do doente, podendo ser feito em média a cada dois a três meses . O equipamento tem uma bateria que se esgota ao fim de seis anos, sendo substituída nessa altura.

José Brás, neurocirurgião do Hospital de São José, explica ao CM que já se submeteram àquela terapia, nos últimos anos, entre “50 e 60 doentes“ com paralisia cerebral. Anualmente, o Hospital de São José recebe em média cinco novos doentes para serem submetidos àquele tratamento.

A terapêutica com o remédio b aclofeno é também utilizada, além dos doentes de paralisia cerebral, em pacientes que sofreram traumatismos vertebro-medulares e que ficaram paraplégicos ou tetraplégicos. Estes doentes sofrem de espasmos que podem ser, por vezes, muito fortes.

Custos elevados com terapia

O tratamento com o medicamento baclofeno, administrado através de uma bomba, representa um custo elevado para o hospit al. Cada bomba custa cerca de 15 mil euros, e uma ampola com o medicamento ascende a 150 euros.


Alguns doentes precisam de duas ampolas em cada repreenchimento da bomba. A terapia acaba com os espasmos e permite aos doentes fazerem uma vida normal.

Prematuros estão em risco

Todos os anos, surgem em Portugal 200 novos casos de paralisia cerebral, uma doença motora de origem cerebral. A patologia pode ocorrer na gravidez, durante o parto ou até aos cinco anos. A prematuridade é uma das causas da doença.

“Agora tenho equilíbrio“

Joana Ribeiro, de 23 anos, sofre de paralisia cerebral mas faz uma “vida completamente normal “ desde que iniciou a terapia com o medicamento baclofeno há seis anos. “Licenciei-me em Gestão de Empresas e trabalho num escritório“, conta ao CM Joana Ribeiro, momentos após o repreenchimento da bomba com o remédio, no Hospital de São José, em Lisboa.


O tratamento veio facilitar muito o seu dia a dia. “Agora tenho equilíbrio. Antes caía muitas vezes, desequilibrava-me ao mínimo toque e não tinha estabilidade com as diferenças de temperatura. Tinha muita dificuldade para não cair depois de sair da cama“, salienta Joana Ribeiro.

O medicamento ajuda na elasticidade do corpo, permite ao doente abrir mais as pernas e facilitar a marcha. “Antes andava mais torta, mas agora consigo entrar e sair dos transportes públicos com mais facilidade“, conclui Joana Ribeiro.

Fonte: RCM Pharma