Anvisa convocará FDA e agência europeia para debater emagrecedores

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai realizar um painel científico com especialistas de fora do Brasil para discutir de maneira definitiva a proposta de retirar do mercado brasileiro os quatro medicamentos usados no tratamento da obesidade. Os compostos que estão na berlinda são aqueles que atuam apenas no sistema nervoso central: a sibutramina e os derivados anfetamínicos femproporex, dietilpropiona e mazindol. O orlistate, que atua no intestino, permanece no mercado. A agência vai financiar a vinda de especialistas de fora do País para debater o assunto. A ideia é trazer representantes da FDA  (agência americana que regulamenta fármacos), da Emea (agência europeia), além do autor principal do estudo Scout que foi o gatilho para a proibição da sibutramina na Europa.

 

Não é a primeira vez que a Anvisa financia a vinda de especialistas para discutir alguma proibição  a mesma medida foi tomada em 2009, quando representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) vieram falar sobre a proibição do uso de câmaras de bronzeamento. Va mosconvidar as entidades médicas envolvidas, representantes da nossa Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) e o Ministério da Saúde, além de representantes de outros países. A Anvisa tem de assegurar que essas medicações são realmente eficazes e seguras. Não podem ficar dúvidas, disse Dirceu Barbano, diretor da agência.

 

A proposta foi discutida ontem durante reunião da Diretoria Colegiada da agência, após a Anvisa apresentar um novo relatório, elaborado pelo Núcleo de Vigilância em Efeitos Adversos (Nuvig) depois da audiência pública que abordou o tema. O novo documento mantém a orientação anterior de banir as medicações do mercado. O Nuvig e a Cateme não têm dúvidas. Após analisar os dados apresentados pelas entidades médicas nós mantivemos o parecer sugerindo a retirada desses medicamentos do mercado, afirmou Maria Eugênia Cury, do Nuvig. Rosana Rado Minski, presidente da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade (Abeso), diz que realização do painel pode ser benéfica, mesmo acreditando que a Anvisa já tem opinião formada sobre o tema.

 

O painel será a nossa última alternativa para tentar demonstrar os benefícios dos medicamentos. E é uma forma da agência esgotar as possibilidades de debate, diz. Os nossos argumentos são exatamente opostos aos deles. A diferença é que eles estão com a caneta, diz. Para Amélio Godoi Matos, do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia do Rio de Janeiro, a realização do painel não deve mudar a decisão da agência. Eles vão trazer pessoas para defender a ideia deles. No fundo, querem é dar suporte a uma decisão já tomada e alegar que foram democráticos, disse Matos.

Fonte: O Estado de São Paulo