Gigante americana Walgreen s está em negociações com BR Pharma, do BTG

 MÔNICA SCARAMUZZO - O Estado de S.Paulo

Varejo. Uma das maiores redes de farmácias dos Estados Unidos, Walgreens planeja expansão na América Latina e teria iniciado conversas com a empresa brasileira, sem ainda chegar a acordo sobre preço; concorrente CVS também negocia novos ativos no País

A BR Pharma, braço de varejo farmacêutico que pertence ao BTG Pactual, está em conversas com a gigante americana Walgreens, concorrente direta da CVS, de acordo com fontes ouvidas pelo \'Estado\'. As negociações ainda não estão avançadas, mas a varejista americana, que em 2012 comprou 45% da inglesa Alliance Boots, quer fincar os pés no mercado brasileiro.

Os primeiros contatos teriam ocorri do há dois meses, mas o preço oferecido à BR Pharma não teria sido interessante para a companhia brasileira. “A proposta seria a Walgreens, por meio da Boots, que é braço expansionista da rede americana, comprar uma participação minoritária na BR Pharma, com opção de obter a participação total no futuro“, afirmou uma fonte. A Walgreens, no entanto, não teria desistido do negócio. Procurados, o BTG e BR Pharma não comentam o assunto. A Walgreens não respondeu aos pedidos de entrevista.

A BR Pharma, terceira maior rede de farmácia do País, está passando por uma profunda reestruturação. Com faturamento de R$ 3,5 bilhões em 2013, a companhia encerrou o ano com prejuízo de R$ 151,3 milhões. No segundo trimestre, fechou com vendas de R$ 953,3 milhões e continuou no vermelho (R$ 143,1 milhões). O endividamen to, no período, estava em R$ 546,8 milhões.

Fontes afirmaram que a BR Pharma não quer ser vendida “na bacia das almas“. Nos últimos meses, a empresa tem passado por mudanças para tentar voltar a dar lucro. O BTG teve de aportar dinheiro na empresa este ano para evitar que a companhia descumprisse as metas de endividamento (“covenants“) por dois trimestres consecutivos. A expectativa, segundo uma fonte próxima à companhia, é voltar ao azul em 2015. “Neste momento, nossa preocupação é essa“, afirma a mesma fonte, que nega que a companhia esteja prestes a ser vendida, mas não desmente as conversas com a Walgreens.

Criada em 2009 para ser uma das maiores redes do País, a Brasil Pharma foi uma das principais consolidadoras desse setor, entre 2010 e 2012, com a compra de oito redes varejistas em diversos mercados regionais, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A companhia atua hoje com as bandeiras Big Ben, Farmácia Sant\'ana, Drogaria Rosário, Mais Econômica e Farmais. “Apesar dos problemas pelos quais a BR Pharma passa atualmente, a rede de lojas, cerca de 1.200, é muito interessante para quem quer entrar no Brasil“, disse uma fonte.

A Walgreens também estaria conversando com outras redes varejistas do País. Segundo uma fonte de mercado, a rede gaúcha Panvel foi procurada. A companhia nega.

Em maio, a Alliance Boots deu o primeiro passo para chegar à América Latina, com a aquisição da Farmacias Ahumada, por cerca de £ 400 milhões. A compra abrange duas empresas principais, no México e no Chile, que em conjunto operam mais de 1.400 lojas. Em entrevista ao Financial Times à época, o presidente executivo da companhia, Stefano Pessina, disse que a empresa estava interessada em outros países da região, como Chile e possivelmente a Colômbia. Além de rede varejistas, interessa ao grupo adquirir atacadistas.

Consolidação. O mercado de varejo farmacêutico está em pleno processo de consolidação. Rival da Walgreens, a gigante CVS contratou no início do ano o Pátria Investimentos para negociar aquisições no País. A empresa, que já é dona da rede Onofre, está de olho na r ede Drogaria São Paul o-Pacheco. As negociações entre as duas companhias esfriaram nos últimos meses, mas não foram interrompidas, segundo uma fonte ouvida pelo Estado.

O Grupo Ultra, dono da rede Extrafarma, e a própria CVS também já conversaram com BR Pharma e outras redes, segundo fontes.

Preço

670 mil foi quanto a CVS, rival da Wallgreens, teria pago por 80% da Onofre em negócio fechado em Fevereiro do ano passado

Fonte: O Estado de S. Paulo