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Sem resolução oficial, médicos alertam sobre uso de tintura
Não existe uma recomendação formal que proíba as mulheres grávidas de usar produtos para tingir ou alisar os cabelos durante a gravidez. O que há é uma cautela geral - por parte dos médicos e das próprias gestantes -, exatamente por causa da falta de estudos que apontem os riscos do uso desses produtos.
Segundo o ginecologista Antônio Moron, da Unifesp, hoje em dia existe uma tolerância maior ao uso desses produtos teoricamente mais modernos e menos perigosos. De acordo com ele, os médicos costumam liberar o uso a partir do quarto mês de gestação. “A gente libera a henna por ser um produto natural“, afirma.
Mesmo assim, ele considera os resultados do estudo divulgado hoje em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo importantes para fazer um alerta. “Embora preliminares, os dados apontam uma associação significativa. No mínimo, a partir de agora vamos ter mais cautela.“
Segundo o estudo, o uso de tinturas ou alisadores de cabelo durante os três primeiros meses de gravidez aumenta em quase duas vezes o risco de o bebê desenvolver leucemia nos primeiros dois anos de vida. A pesquisa foi realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) por mais de dez anos. Ao menos por enquanto, os dados sugerem que as mulheres não devem pintar os cabelos durante a gravidez.
Para o hematologista Vanderson Rocha, do Hospital Sírio-Libanês, vários estudos tentam descobrir as causas da leucemia nos primeiros anos de vida, mas esse é o primeiro a fazer uma associação direta. “O fato de a pesquisa ser retrospectiva - ou seja, a doença tem de se manifestar para depois ser pesquisada - é um fator limitante do trabalho. Ainda é um primeiro estudo, mas ele abre portas para outros“, diz.
Para Rocha, uma próxima etapa seria avaliar qual o componente químico leva ao câncer e de que maneira ele atua. “Enquanto isso não acontece, toda gestante deve evitar ter contato com produtos químicos“, diz.
Fonte: UOL