Deficit do setor farmacêutico deverá atingir US$ 6 bilhões

 Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

O desempenho negativo da balança comercial de produtos farmacêuticos deverá superar a marca de US$ 6 bilhões (aproximadamente R$ 14 bilhões) neste ano.

O deficit cresceu de forma progressiva na última década e praticamente dobrou em um intervalo de cinco anos, segundo estudo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).

Só em 2013, as importações da área avançaram 8,5%, enquanto as vendas para o exterior evoluíram apenas 2%.

“O setor farmacêutico passa pela mesma situação enfrentada por outros segmentos no país, é uma questão estrutural da indústria“, afirma Antonio Britto, presidente-executivo da associação.

No caso das exportações de medicamentos mais baratos, como os genéricos, a indústria nacional não tem competitividade para disputar o mercado externo com países como Índia e China, de acordo com o executivo.

Sobre os remédios para doenças ma is complexas, ainda falta inovação, segundo Britto. “Como a gente não produz esses medicamentos, somos obrigados a importar.“

O governo tem feito um esforço ao oferecer mercado por meio de compras públicas e, com isso, estimular que os produtos sejam fabricados no país, afirma o executivo.

“Mas isso não resolve a questão central, que é a falta de inovação, de parcerias com as universidades“, diz ele. “No Brasil, salvo algumas exceções, a universidade e o setor privado trabalham de costas um para o outro.“

Rastreamento custará R$ 57 mil

Os 55 laboratórios farmacêuticos associados à Interfarma vão investir aproximadamente US$ 24 milhões (R$ 57 milhões) na implantação de sistemas de rastreamento dos medicamentos.

Os aportes serão feitos na adequação das linhas de produção, para que as embalagens dos remédios recebam códigos de barras em 2D, que podem ser escaneados por celulares e smartphones.

O rastreamen to é uma exigência da Anvisa para ampliar o controle dos medicamentos até o consumidor.

Os laboratórios deverão, até dezembro de 2015, ter ao menos três lotes de remédios com códigos em 2D. A partir de dezembro de 2016, a regra valerá para todos os lotes.

Trinta farmacêuticas informaram à entidade que já compraram ou encomendaram os equipamentos. “Todas disseram que irão cumprir os prazos da Anvisa“, diz Antonio Britto, presidente-executivo da Interfarma.
As associadas representam 54% do mercado nacional.

Fonte: Folha de S.Paulo