Cerca de 23 mil pessoas morrem anualmente nos EUA por bactérias super-resistentes

 Levantamento foi divulgado pela primeira vez por governo americano

WASHINGTON - Pela primeira vez, o governo americano estimou quantas pessoas morrem de bactérias super-resistentes a medicamentos todo ano: mais de 23 mil ou o mesmo número de mortes por gripe, informou o “Special Broadcasting Service”. Os dados foram divulgados pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA com o objetivo de alertar para a ameaça crescente de infecções difíceis de tratar.

Estimar o tamanho do problema é uma mensagem muito poderosa - afirmou Helen Boucher, professora da Universidade de Tufts e porta-voz da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas. - Estamos enfrentando uma catástrofe.

Antibióticos como penicilina e estreptomicina se tornaram amplamente disponíveis nos anos 1940 e são considerados um dos grandes avanços da história da medicina, salvando um grande número de vidas. Mas com o passar das décadas, alguns antibióticos pararam de fazer efeito. Especialistas afirmam que o sobreuso levou-os a perderem eficácia.

No novo relatório, o CDC registrou o número de vítimas de 17 bactérias resistentes. O resultado: a cada ano, mais de dois milhões de pessoas desenvolvem infecções graves e pelo menos 23 mil morrem.

Destes, o estafilococo áureo resistente à meticilina (MRSA) matou cerca de 11 mil. Eles suportam o tratamento com os antibióticos chamados carbapenemas, considerados de última linha de defesa contra organismos difíceis de tratar.

Autoridades de saúde dizem que se a situação piorar, é possível que médicos fiquem relutantes a realizar cirurgias ou tratamentos invasivos de câncer, já que antibióticos não protegerão pacientes.
- Se não tomarmos cuidado, a caixa de remédios vai ficar vazia quando os médicos precisarem de drogas para combater infecções - afirmou o diretor do CDC, Tom Frieden.

Não está claro se o problema está aumentando uniformemente para todos os micro-organismos. Algumas pesquisas sugerem que a taxa do MRSA pode ter estagnado e u m outro relatório do CDC divulgado segunda-feira no “Jama Internal Medicine” mostrou que infecções graves de MRSA caíram 30% entre 2005 e 2011, quando tiveram 80.461 registros.

Fonte: O Globo Online