Bionovis avança em projeto de biológicos

 A Bionovis está dando mais um passo para colocar de pé seu projeto de biotecnologia. Ela está prestes a fechar acordos de transferência de tecnologia com dois parceiros internacionais. Além disso, contratou o cientista americano Peter Kalinka para chefiar a área de pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas e definir os parâmetros da fábrica no Rio de Janeiro.

“As parcerias garantirão rapidez ao processo para o fornecimento dos medicamentos. Empresas com atuação global têm maior acesso aos centros de P&D e às informações do mercado“, afirmou Odnir Finotti, presidente da Bionovis. “Enquanto isso, montamos um board científico para discutir o que será interessante para a população do Brasil“, completou.

A farmacêutica - fruto de uma joint venture entre Aché, EMS, Hypermarcas e União Química - foi criada em 2012 com o apoio do governo federal para a produção de biossimilares no Brasil. O portfólio da companhia envolve oito medicamentos para o tratamento de doenças complexas, como câncer e artrite reumatóide. Todos foram desenvolvidos pelas multinacionais com as quais a empresa está finalizando os acordos. “A parceria vai ser positiva pois estas empresas já têm em seu portfólio os produtos que são de nosso interesse“, explica Finotti. O executivo não revela quais são as multinacionais envolvidas nas negociações.

A ideia é que a Bionovis comece a operar via PDPs (Produto de Desenvolvimento Produtivo) que, estimuladas pelo governo, envolvem a transferência de tecnologia de produção de medicamentos de empresas estrangeiras e nacionais para laboratórios públicos. Deste modo, o governo federal será o principal comprador dos medicamentos produzidos nacionalmente pelo laboratório, e vê nessa iniciativa a possibilidade de reduzir seu bilionário déficit da balança comercial da saúde.
Dos oito medicamentos, a empresa espera já estar fornecendo ao governo quatro até 2015. Além disso, a Bionovis quer desenvolver seus próprios produtos. Para isso, planeja a construção de uma fábrica de biológicos no Rio de Janeiro, que receberá investimentos de R$ 240 milhões. Cerca de 60% dos recursos vem de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A empresa está no processo de obtenção de licenças do terreno onde será construída a unidade. Finotti espera iniciar a construção no fim deste ano e entregar a primeira droga em 2016.

O plano é começar com a produção de biossimilares - cópias dos biológicos complexos -, aprender a tecnologia e os processos, e então conseguir desenvolver dentro do país os medicamentos biológicos inovadores. A fábrica será voltada para o mercado brasileiro e para exportações. “É importante trazer uma alta tecnologia, de relativo baixo preço para o sistema de saúde brasileiro“, afirmou o americano Kalinka. O especialista já desenvolveu 12 biossimilares no exterior. Os planos de investimentos totais da companhia para os próximos cinco anos somam cerca de R$ 500 milhões.

Fonte: Valor Econômico
Autor: Vanessa Dezem