Farmacêuticas da treta: manipulação dos ensaios dos medicamentos

 Reino Unido - Viento Sur - [Ben Goldacre] Revisão de todos os ensaios efetuados sobre vários medicamentos mostrou que aqueles financiados pela indústria farmacêutica são muitas vezes mais propensos a dar resultados a favor do fármaco do que os financiados pelos governos (Segunda Parte).


Em 2010, os pesquisadores de Harvard e Toronto identificaram todos os ensaios realizados com cinco classes principais de fármacos – antidepressivos, fármacos para a úlcera e assim sucessivamente – e extraíram informação sobre duas características básicas: eram positivos? E eram financiados pela indústria?

Encontraram-se mais de 500 ensaios ao todo: 85% dos estudos financiados pela indústria foram positivos, mas só 50 % dos ensaios financiados pelo governo o foram. Em 2007, os pesquisadores analisaram todos os ensaios publicados que exploravam os benefícios de uma estatina. Estes medicamentos redutores do colesterol diminuem o risco de sofrer um ataque ao coração e prescrevem-se em grandes quantidades. Este estudo encontrou 192 ensaios ao todo, seja comparando uma estatina a outra, ou comparando uma estatina com outro tipo de tratamento. Descobriram que os ensaios financiados pela indústria eram 20 vezes mais propensos a dar resultados a favor do fármaco em teste.

Resultados aterradores

Estes resultados são aterradores, mas provêm de estudos individuais. Assim, vamos considerar as revisões sistémicas nesta área. Em 2003, publicaram-se duas. Reuniram todos os estudos publicados até à data e observaram-se os financiados pela indústria associados à apresentação de resultados favoráveis à indústria; descobriu-se que os ensaios financiados pela indústria tinham, em conjunto, cerca de mais quatro vezes probabilidades de obter resultados positivos. Uma nova revisão em 2007 examinou os estudos publicados durante esses quatro anos: encontraram-se mais 20 trabalhos, e todos, menos dois, mostraram que os ensaios patrocinados pela indústria foram mais propensos a apresentar resultados favoráveis.

Acontece que este padrão persiste mesmo quando nos afastamos de trabalhos acadêmicos publicados e se analisamos os relatórios d e ensaios de conferências acadêmicas. James Fries e Eswar Krishnan, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford na Califórnia, estudaram todos os resumos de investigação apresentados nos congressos do Colégio Americano de Reumatología de 2001, que incluíam resultados de algum tipo de ensaio clínico e admitiam ter sido patrocinados pela indústria, com o fim de averiguar em que proporção apresentavam resultados que favoreciam o fármaco do patrocinador.

Em geral, a secção de resultados de um trabalho acadêmico é extensa: apresentam-se os números em bruto para cada resultado, e para cada possível fator causal, mas não só como puros número ; acompanhada do pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, e de seu sucessor no Ministério da Saúde, Arthur Chioro, atual secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP).

A parceria com Cuba para a contratação de profissionais estrangeiros para o programa Mais Médicos é considerada “exitosa“ pelo governo e pelos articuladores políticos de Dilma e Padilha, que terão o programa como uma das principais vitrines eleitorais. Em encontro com o presidente Raúl Castro, Dilma fará um agradecimento enfático pela parceria.

Não está descartada a possibilidade de a presidente brasileira aproveitar o caráter e político do encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (C elac) para ter o utros encontros bilaterais. Diferentemente de 2013, em que a cúpula, em Santiago, no Chile, estava esvaziada, diversos chefes de Estado confirmaram presença. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, também estará presente.

O governo brasileiro avalia que a presença dessas autoridades em Cuba reflete uma mudança nas relações diplomáticas do país, assim como uma transformação nas perspectivas para a economia de Cuba, que passa por uma “atualização“ de seu modelo econômico. Será esse um dos recados da presença de Dilma, na segunda-feira, na inauguração do porto de Mariel, construído pela brasileira Odebrecht com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e operação da PSA, de Cingapura.

A despeito de críticas ao modelo de financiamento do empreendimento, o Brasil tem avaliado que o porto - o maior da região - implicará uma profunda alteração no país, principalmente com ganhos econômicos e sociais, inclusive com impulso do turismo.

As experiências de ambos os países na agricultura familiar e nos pequenos negócios são outras questões que serão debatidas durante a passagem da presidente por Cuba. Dilma se despedirá do país após acompanhar uma apresentação cultural na terça-feira.

Fonte: Valor Econômico
Por Bruno Peres | De Brasília