Um terço da população do mundo está com hepatite

Silenciosa e com alto poder de contágio, a hepatite hoje já infecta um terço da população mundial --cerca de 2 bilhões de pessoas-- causando mais de 1 milhão de mortes todos os anos.

Os dados foram divulgados nesta semana pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que marcou para hoje o primeiro Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.

A hepatite pode ser provocada por múltiplos fatores, incluindo bactérias e alguns medicamentos, mas a principal razão de alarme entre os especialistas são as hepatites virais: os tipos A, B, C, D e E .

O vírus da hepatite é mais contagioso e resistente do que o HIV e também pode ser transmitido sexualmente.

“Hoje a principal forma de contrair hepatite B é por via sexual. Embora na hepatite C também seja possível, esses casos são muito mais raros“, diz Raymundo Paraná, presidente da SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia).

Estima-se que haja 3 milhões de infectados pelas hepatites B e C no Brasil. “A hepatite está para o câncer de fígado como o cigarro está para o de pulmão“, comparou Paraná.

Apesar da recente redução dos casos de hepatite A e C no país, os números do tipo B só cresceram na última década. Em 1999, foram 473 casos, contra
14.601 em 2009.

Para conter esse avanço, o Ministério da Sáude determinou no ano passado, a ampliação progressiva da idade-limite para receber a vacina gratuitamente para quem não está em grupos de risco, como profissionais de saúde e limpeza.

O teto, que era de 19 anos em 2010, passou para 24 neste ano. Em 2012, o limite será ampliado mais uma vez, agora para 29 anos. “O Brasil é muito grande e não há um padrão único de contaminação. Com o avanço do saneamento básico, a hepatite A, transmissível pela água contaminada, foi sendo empurrada para as áreas mais carentes“, explica Maria Cássia Mendes Correa, da SPI (Sociedade Paulista de Infectologia) e coordenadora de hepatites virais do Hospital das Clínicas da USP.

A hepatite costuma ser assintomática em seus anos iniciais. Por isso, as pessoas infectadas costumam descobrir a doença quando ela já está em fase avançada.

Os muitos efeitos colaterais do tratamento também costumam ser um empecilho. Além dos inconvenientes físicos, é comum que os pacientes tomem mais de 20 comprimidos por dia. “Os efeitos colaterais existem, mas são contornáveis. É infinitamente melhor sofrê-los do que não tratar.“

Fonte: Folha de São Paulo