Novas metas de colesterol para reduzir mortalidade por doenças cardiovasculares

 As novas metas de colesterol estã o na ‘V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose’, que será apresentada a 9.000 especialistas durante o Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que começa, sábado, dia 28, no Riocentro, e será divulgada no País inteiro.

O presidente do Departamento de Aterosclerose da SBC e editor da Diretriz, Hermes Toros Xavier, explica que o LDL é uma fração do colesterol que se gruda na parede das artérias, onde forma placas que, quando se rompem, levam à formação de coágulos que podem entupir uma artéria. “Quando essa artéria é uma das que alimentam o músculo do coração, ocorre o chamado infarto do miocárdio”, explica ele.

A preocupação dos médicos é que o paciente não sente sintomas enquanto a placa vai se formando ao longo de 30 ou 40 anos, a chamada aterosclerose subclínica, e por isso é preciso classificar o risco. São considerados de alto risco aqueles que já tiveram algum problema cardíaco, os diabéticos ou os portadores de múltiplos fatores de risco como pressão alta, tabagismo, obesidade e sedentarismo.

As mulheres brasileiras estão merecendo maior cuidado, uma vez que já estão morrendo tanto de infarto como os homens, nas grandes cidades, e para diminuir essa verdadeira epidemia de mortes por doenças cardiovasculares, os cardiologistas vão recomendar que mantenham limites mais baixos do LDL. O chamado ‘colesterol ruim’ não poderá ultrapassar 100 mg/dL (miligramas por decilitro de sangue) nas mulheres com risco intermediário de infarto e deve ficar abaixo de 70 mg/dL para aquelas que são consideradas como de risco alto.

“Recomendamos que um estilo de vida mais saudável seja adotado o mais precocemente na vida e que as pessoas procurem seus médicos para a realização de exames capazes de detectar a presença de fatores de risco, como o colesterol, que deverá ser tratado quando muito elevado.

Desconfiar é preciso

Hermes Xavier diz que a mortalidade por infarto é alta entre as mulheres também porque elas nem sempre desconfiam dos primeiros sinais, “uma dor no peito que demore mais de 10 minutos e que pode se irradiar pelo braço, pescoço e costas e que é desencadeada por um esforço físico ou emoção forte”.

Se um homem tem esses sintomas, ele sempre pensa num infarto e busca ajuda médica, explica o cardiologista, mas a mulher, culturalmente mais preocupada com câncer de mama ou de colo de útero, geralmente não desconfia que a dor pode ser um problema cardíaco. Demora muito para se decidir a ir a um Pronto Socorro e com isso aumenta a gravidade do problema e o risco de óbito, pois quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maior a chance de recuperação.

A maior preocupação dos médicos com a saúde da mulher decorre do fato de que, ao longo de décadas, as campanhas da Sociedade Brasileira de Cardiologia foram eficazes junto à população masculina, que hoje tem consciência do risco da hipertensão, do colesterol alto e que atualmente tem um n ível de fumantes muito mais baixo que o das mulheres.

A mulher, entretanto, está se lançando mais no mercado de trabalho, se alimentando de sanduiches e frituras nada saudáveis e se submetendo a um estresse que é ainda maior quando ela tem duas missões diárias, trabalhar fora e cuidar da casa. Por isso mesmo está na hora de prestar mais atenção a seu colesterol e prevenir o infarto e o AVC, conclui Hermes Xavier.

Informações: http://congresso.cardiol.br/68/