Cerveja, vinho e salmão aumentam níveis de arsênio no organismo

 NEW HAMPSHIRE (EUA) - É possível estar exposto ao arsênio (metal tóxico) por meio da alimentação do dia a dia. Esta é a descoberta de um novo estudo sobre o tema, realizado pela Dartmouth College, em New Hampshire. Segundo o trabalho, alimentos como vinho branco, cerveja, couve-de-bruxelas e peixes co m carnes escuras (salmão, atum e sardinha) podem aumentar os níveis do elemento no organismo.

De acordo com o informações do portal científico Live S ciense, os dados foram processados com a ajuda da análise da dieta de 852 pessoas. Para isso, foram avaliadas as unhas dos pés dos participantes – que mostram a exposição ao metal em longo prazo. O estudo foi publicado na segunda quinzena de novembro, no “Nutrition Journal”.

Além disso, foram avaliados 120 tipos de alimentos, dos quais as citadas acima se destacaram negativamente. Assim, os resultados sugerem que a dieta pode ser uma importante fonte de exposição ao arsênio em longo prazo. Até então, já se sabia que a principal fonte de exposição ao metal era a água.

O elemento ocorre naturalmente no meio ambiente. A exposição prolongada, ainda que em pequenas quantidades, pode ocasionar o crescimento da bex iga e do pulmão, causar câncer de pele, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. A Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), limita o metal na água potável em 10 microgramas por litro. No entanto, poucos limites ainda são estabelecidos para as comidas.

O nível médio de arsênio nas unhas dos participantes foi de 0,12 microgramas por grama. Mas ainda não está claro qual é a concentração encontrada nas amostras possa ser sinal de um nível não saudável de exposição, disse a autora do estudo, Kathryn Cottingham. Assim, a medição pelas unhas serve apenas como uma forma de comparar os níveis entre as pessoas.

Os que disseram beber, em média, duas a três cervejas ou taças de vinho branco todos os dias tiveram níveis de arsênio entre 20% e 30% maior que os que não têm esses hábitos. Entre as possíveis causas da variação, pode estar o fato de os ingredientes serem ricos em arsênio, ou a consequência do processo de filtragem, que dá brilho e transparência à essas bebidas. Outra possibilidade é que o álcool, em si, prejudique a capacidade do corpo de se desintoxicar do metal.

Já as pessoas que comiam carne escura de peixe uma vez por semana tiveram cerca de 7% a mais na concentração do metal comparadas às que consumiam esses peixes menos de uma vez por mês.

Embora algumas comidas sejam ricas em arsênio, não é pre ciso evitá-las completamente. “Provavelmente, a melhor forma de reduzir a exposição é diversificar os alimentos e não comer a mesma coisa todos os dias”, disse Cottingham. Também é importante manter as fontes de água seguras. “Conhecer ao que sua água está exposta é uma grande peça do quebra-cabeça”, diz.

Fonte: O Globo