Aumento da expectativa de vida vai levar consumo per capita a U$ 68

 Valor econômico

 

- As vendas do comércio farmacêutico atingirão 100% de crescimento até 2015, de acordo com estudo desenvolvido pelo Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (Cepdec), ligado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A previsão de expansão tem como base a alta de consumo per capita, que saltará de US$ 52 para US$ 68, no mesmo período, e o aumento da expectativa de vida da população. Mesmo assim, para se manter no mercado, as farmácias independentes precisam investir em gestão, nichos, modernização e fidelização de clientes.

Vivendo mais e com melhor qualidade de vida, a tendência é de os consumidores investirem em produtos de higiene e cosméticos, fazendo com que esses itens alcancem até 34% de participação nas vendas das farmácias e drogarias, superando a média atual, de 23,8%. Segundo a avaliação, o segmento de perfumaria será essencial para garantir uma maior rentabilidade às lojas.

Mas o principal alerta revelado pelo levantamento do Cepdec está diretamente ligado à administração das farmácias. Os varejistas terão de apostar ainda mais nas vendas em larga escala para garantir margens líquidas semelhantes às atingidas atualmente. Isso porque, nos próximos quatro anos, o acirramento da concorrência deverá reduzir a lucratividade do setor em até 10%. Além disso, estima-se que as grandes redes continuem avançando sobre a fatia de mercado que hoje é das farmácias independentes, o que pode resultar no fechamento de pelo menos 12% das que estão em atividade.

“A maioria atribui ao movimento de fusões e aquisições as turbulências vividas pelas farmácias independentes e pequenas redes. Mas o problema esbarra principalmente na forma como esses negócios são geridos“, avalia Danieli Junco, diretora da Injoy Blend, consultoria de gestão e marketing na área da saúde. “Há dificuldades sérias nas áreas de estimativa orçamentária, gestão tributária, qualificação da mão de obra, administração de estoque e até na composição de preços. Quem insistir no atual modelo de gestão, sem profissionalização e acompanhamento de gastos, tende a desaparecer.“

O grande desafio dos pequenos empreendedores, de acordo com os consultores, será diminuir os custos da operação, sem deixar de investir na modernização das lojas, no mix de produtos, na qualificação da equipe, na gestão de estoques e de despesas e nos recursos disponíveis na internet. “As farmácias independentes têm de saber usar a vantagem da conveniência, da proximidade com o consumidor, que dificilmente se desloca para outra região da cidade em busca de um medicamento mais barato“, afirma Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD, consultoria de varejo.

Atualmente, as grandes cadeias de farmácias procuram ocupar todos os espaços das grandes cidades e dos grandes bairros. No entanto, não se interessam por atuar nos municípios de pequeno porte ou nas áreas periféricas. “É justamente nessas regiões que os pequenos têm de investir, porque os que insistirem em disputar mercado nos mesmos centros dos gigantes tendem a ser sufocados“, reforça Danieli.

Insistir em brigar com as grandes redes por preço, na visão dos consultores, também significa decretar a falência do próprio negócio. O caminho, dizem, passa pela união de forças em centrais de negócios, o que garantirá maior poder de barganha nas compras e, consequentemente, na oferta de preços competitivos; e na conversão de bandeira das farmácias, o que além de agregar uma marca forte, também contribuirá para a realização de campanhas de marketing, melhoria da gestão e processos de treinamento. Outra alternativa é partir para a segmentação, ou seja, especializando-se em nichos de mercado ou em áreas específicas de atuação.

Outra medida importante de sobrevivência, de acordo com a consultora da Injoy Blend, é revitalizar o conceito de farmácia de bairro. “As pequenas têm de se esforçar para ser referência na região em que estão localizadas e oferecer serviços de fidelização dos clientes“, afirma. Afinal, a população reivindica uma atenção especial. De acordo com a pesquisa A Reinvenção do Ponto de Venda no Universo Multicanal, feita pela GS&MD, 14% dos consumidores querem pagar contas nas farmácias; 8% gostariam de receber orientação nutricional e 7% demandam por serviços de massagem. (K.S.)